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Arquitetos: Lioz Arquitetura
- Área: 84 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Francisco Nogueira
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Fabricantes: Perfectwood, GHOME, Ladridecor, MACIÇA, Marcenaria Artística Pereira, Superbotânica, Viero, Zangra
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício localiza-se na Rua da Oliveirinha, uma conexão pedonal existente já em 1650, que liga o Largo de Santa Marinha à Rua das Escolas Gerais. O edifício faz parte de um conjunto de três volumes integrados, cada um com dois pisos – térreo e piso superior. Originalmente composto por duas frações habitacionais, uma por piso, com escada lateral de um lance, com características e tipologia pré-pombalina, o edifício do número 25 encontrava-se em ruína, sem cobertura, restando apenas o robusto invólucro perimetral, com as aberturas originais em cantaria de pedra, preservadas.
A intervenção foi realizada no sentido de garantir novas condições de habitabilidade para manutenção da viva dinâmica residencial do bairro, através de uma nova solução de organização espacial, garantindo a integridade histórica e estrutural do conjunto.
Para tal, optou-se pela transformação das duas frações residenciais em apenas uma, de modo a incorporar a circulação vertical como parte integrante do volume total e potencializar a iluminação e ventilação da habitação. A definição dos ambientes internos foi pensada de forma que pudesse dialogar com as aberturas existentes, assim como com a geometria do telhado cerâmico original, de modo a respeitar o invólucro existente e sua relação com as edificações vizinhas.
Considerando a geometria longitudinal do invólucro - de largura diminuta, a face de melhor insolação (sudeste) e o desafio de conectar dois pisos, o volume foi conceptualmente dividido em quatro quadrados (dois em cada piso), usando a escada de dois lanços como elemento transversal de conexão e de conformação das partes.
Desta forma cada um desses quadrados assume uma função distinta: sala e núcleo hidráulico (kitchenette e instalação sanitária) no primeiro piso; dois quartos no segundo piso. De forma a otimizar a circulação e garantir a definição da instalação sanitária sem uma barreira rígida convencional, o módulo da kitchenette foi pensado como um mobiliário solto do tecto, e com porta integrada, para acesso à casa de banho. Os quartos são definidos por painéis retráteis, que podem ser abertos ou fechados a depender do uso. Assim não há divisões rígidas entre os ambientes, garantindo boa condição de iluminação e ventilação, com optimização das aberturas existentes e amplitude do espaço interno.
Para conformação do primeiro piso foram definidos barrotes em madeira lamelada, no sentido de menor vão, com contraplacado de madeira para estrutura do piso, cuja simplicidade remete às características construtivas do edifício original. A nova escada se desenvolve em dois lances independentes, de chapa metálica, fixa ao piso e à parede lateral. O módulo da kitchenette possibilita a infraestrutura dos equipamentos básicos, assim como a instalação sanitária.
Para otimizar a iluminação das aberturas existentes, optou-se por caixilhos de madeira com uma folha simples, também na porta de acesso. Os novos pavimentos foram definidos pelo desempenho técnico e definição das áreas: piso social em ardósia cinzenta e piso privativo em tábuas de pinho coladas ao contraplacado. As paredes existentes do invólucro foram revestidas com argamassa térmica, caiadas pelo exterior e estucadas a cal pelo interior.